“Welcome” COP-30: a vez do barqueiro falar com o turista
Para o maior evento do clima no mundo, a ser realizado em Belém em 2025, quem recebe os turistas se capacita para garantir a melhor comunicação com os visitantes
A capital do Estado do Pará, Belém, fica localizada no extremo Norte do Brasil, rodeada por florestas e várias ilhas. Ela conta com 1,4 milhões de habitantes, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas se engana quem acha que a população se encontra apenas em áreas urbanas. Com uma área continental de 176.566 km² e insular de 329.934 km², Belém é composta por 42 ilhas, dentre elas, a Ilha do Combu, que tem cerca de 1.500 habitantes, e é um dos principais destinos turísticos da região.
Localizada em frente à Belém, a ilha tem como base a extração do açaí, atividades relacionadas ao cacau e é claro, o turismo. Só na região, é possível encontrar centenas de restaurantes, espalhados entre rios, furos e igarapés, uma verdadeira imersão para quem decide visitar a Área de Proteção Ambiental (APA) marcada pelo empreendedorismo regional. A costa da cidade é cheia de pequenos portos, utilizados por vários barqueiros que fazem o transporte de passageiros até os restaurantes. Você paga e eles levam.
Acompanhamos, durante um dia movimentado na ilha, os barqueiros Zezinho e Mácio Paiva, mais conhecido como Marcinho. Eles contaram como funciona o trabalho na travessia e a responsabilidade de cada função, seja comandante ou o ajudante. Assista!
COP 30: UM LEGADO PARA SEMPRE
Com a chegada da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém, em 2025, a tendência é que a área se torne ainda mais importante, pois está na rota dos principais roteiros turísticos da região justamente por ficar a apenas 20 minutos da cidade e dar ao turista a experiência amazônica da natureza, da gastronomia e do contato com a população local, formada por ribeirinhos.
O presidente francês Emmanuel Macron foi uma das autoridades mundiais que já estiveram no Combu recentemente e aproveitou as singularidades do local, fazendo atividades junto com o presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em abril deste ano.
TRANSPORTE: COOPERAÇÃO E IMERSÃO À NATUREZA
O transporte no Combu, que só pode ser feito através de embarcações, é dividido em duas cooperativas, que trabalham em escala de revezamento semanal, levando e trazendo centenas de passageiros diariamente de um local para o outro: a Coopetrans e Coopermic. Formadas por barqueiros 100% nativos da região, o atual período tem sido de busca contínua pelo conhecimento por parte destes microempreendedores individuais. A preparação vai desde aulas de inglês, para facilitar a comunicação com os turistas estrangeiros, até capacitações relacionadas ao turismo, meio ambiente e sustentabilidade, além de atendimento ao cliente e fornecimento de experiências na ilha.
A Cooppetrans é formada por 52 cooperados que trabalham de maneira autônoma, sem salário fixo, ganhando conforme o movimento de passageiros. Todos os cooperados são de ilhas como Combu, Murucutum, Ilha Grande e Ilha do Maracujá, que fazem parte da APA. Além disso, os trabalhadores possuem curso de marítimo expedido pela Marinha do Brasil, podendo atuar no transporte de passageiros.
Toda essa experiência é contada por Anderson dos Santos, presidente da cooperativa Cooppetrans. Em conversa com a reportagem, ele lembra que contava com apenas 21 cooperados e conforme a demanda este número foi crescendo, chegando hoje a 52 associados que garantem a imersão ao ecoturismo da ilha.
Acompanhe!
Hoje, o trabalho é realizado com as conhecidas lanchas rápidas, populares na região por serem pequenas, mas capazes de transportar, em média, de 30 a 40 passageiros, utilizando motores de popa. Os bilhetes para a travessia através dos barcos da cooperativa são vendidos na praça Princesa Isabel, no bairro da Condor, onde funciona o Terminal Hidroviário Ruy Barata, e custam R$ 20,00, incluindo ida e volta. Para se deslocar dentro da ilha, o preço médio é de R$ 5,00.